Friday, December 21, 2007

Wesołych Świąt Bożego Narodzenia!

All's well that ends well!
- o Mean Elf redimiu-se com a oferta de um frasco de 5 kg de Nutella, para a delícia (e engorda...) de todos nesta última semana.
- os exames terminaram (rejoice!!!!!) e no jantar de natal foi possível voltar a respirar um ambiente descontraído e reconhecer de novo aqueles sorrisos amigáveis que estiveram alienados durante os últimos 2 meses.
- como recompensa pelo trabalho violento dos últimos meses fui fazer uma soneca a uma caverna de sal, cujos iões têm propriedades relaxantes.
- o meu anjo da guarda (está provado que devo ter um!) salvou-me de um destino fatal nas garras de um boxer raivoso que, salivando e rosnando furiosamente, investiu sobre mim duas vezes - enquanto a dona se passeava languidamente a 100 metros de distância e, não só nem se dava ao trabalho de chamar o piruças, como... carregava o açaime da fera na mão!!!
- as últimas 72 horas foram como o Braveheart: freeeeeeeeeeeedoooooooooooooommm!!!!!!!!!! Compras de Natal e party, party, party estiveram na ordem do dia!
- o melhor de tudo: a "nutella" polaca n.º 1, o cd dos pustki e as luvas de pele cor-de-rosa sexy, oferta dos meus dois little mean devils!
- top of the top: amanhã a esta hora já estou em casa e nos próximos dias gozarei um descanso merecido!...

Wednesday, December 19, 2007

Ave Maria

Ao contrário do que possam pensar, o título não se deve à quadra natalícia.
Trata-se da música mais badalada da gaiola, marca registada indelével destes primeiros 4 meses. Importada de Espanha (como não podia deixar de ser!), depressa fez as delícias dos polacos locais e entrou para o top do Barrosso's, com uma média de 5 a 6 performances por festa!
Só depois de ver o videoclip é que me apercebi que estava perante um Ricky Martin meets Henrique Iglesias em versão pimba, mas, aí, já era tarde demais!...
Caso não saibam do que estou a falar, aqui fica:

http://www.youtube.com/watch?v=aW_ZH0rDrI0

Tuesday, December 18, 2007

A janela indiscreta

Esta é a janela culpada.
No início, não quis acreditar que fosse solteira. Procurei à saciedade um estore, uma persiana, uma portada - qualquer coisa com que a pudesse casar. Mas nada. Apenas umas cortinas às riscas verdes de opacidade duvidosa. "Optimo!", pensei, "tenho o mesmo grau de privacidade que as meninas do Red Light District em Amesterdão". Daí a tornar-me numa super-tia deprimente, que usa máscara de dormir por causa da luz da manhã, foi um salto.
Só com o tempo é que começei a aperceber-me das potencialidades desta janela. O solzinho que entra directo às 2 da tarde, o meio imprescindível de comunicação para os que passam (a qualquer hora do dia e da noite!), a facilidade com que nada me escapa do movimento lá de fora e, sobretudo - aquilo com que sempre sonhei!!! -, a possibilidade de agir como uma verdadeira vizinha de Moscavide, tagarelando com os transeuntes e cuscando com o vizinho de cima.
Portanto, estás aperdoada janelinha!

Sunday, December 16, 2007

Bolsas e Becas

As bolsas não são bolsas. São pseudo-bolsas, bolsas desmembradas, incompletas. São, na verdade, meias-bolsas.

As becas são becas à séria. São completas e rechonchudas. São becas para lá do necessário, transbordando pocket money na modesta quantia de 8.000 €.

As bolsas são famintas, as becas estão bem saciadas...

...e depois não me queiram convencer que o Reino de Portucale não foi uma excentricidade associada à crise de adolescência do D. Afonso Henriques! Tinha, porque tinha de contrariar a mãe!!
A verdade é que os valentes tabefes que D. Teresa arreou no filho desnaturado doiem até hoje!...

Friday, December 14, 2007

Trombinoscope ou a Nomenklatura

É uma vergonha, quase 4 meses depois, ainda ter de ir ao Trombinoscope certificar-me de que estou a "taguear" a pessoa certa no Facebook. Decorar 102 nomes ainda vá que não vá; mas, memorizar 102 apelidos em 25 línguas diferentes é tarefa para quem não come queijo!
Já agora, o Trombinoscope é a lista com as fotos de todo o pessoal. É como se fosse a nomenklatura da gaiola, percebem? A certidão de pertença à elite e a prova de quem são os culpados (enfim, ainda estou sob a influência das (des)sovietização sobre a qual tive de dissertar na oral que acabei de fazer...). Só posso depreender que o estranho vocábulo Trombinoscope tem origem na palavra "tromba". Parece lógico, não?

Thursday, December 13, 2007

Tratado de Lisboa

Dia histórico, em português!!!
Será?...












Seja qual for o destino do Tratado Reformador (aguarda-se com anxiedade nervosa o desfecho do processo de ratificação...)
...
pronto! é certo que vai sair no exame de terça-feira!
Que raio de timing!...

Santa's Elves

No início do mês transformámo-nos em elfos e tirámos à sorte o nosso protegé.
Eu sempre tive os elfos em boa conta, afinal são os ajudantes do Pai Natal, certo? Estava enganada! Estas criaturas podem ser uns verdadeiros diabinhos ao serviço das forças do mal!
No princípio, a ingenuidade foi geral: bilhetinhos de boa sorte para os exames, enfeites de natal na porta, chocolates no pigeonhole... tudo dentro da normalidade, portanto. Depressa a imaginação aqueceu, e começaram a chegar mails de Mega Elfos, com instruções de tipo caça ao tesouro para encontrar os presentes ou com pedidos gerais de abraços e beijinhos para o protegé.
A mutação maléfica deu-se com o estranho caso do meu Snickers (eu e os snickers, tinha de ser!), que desapareceu e reapareceu uma hora depois, aberto e meio comido - de tal modo que ainda hoje consigo ver as marcas das dentadas! O mesmo sucedeu depois com o Kit Kat do Antoine e o Kinder Bueno do Krzysztof. A partir de então, bem se vê que não há limites para aquele que assina sob o nome de Mean Elf! O mais recente feito foi deixar um peixe enorme no hall de entrada de cada uma das residências, sobre o qual escreveu o nome a Colgate.
O pior é que a moda do Mean Elf está a pegar. O terror psicológico é tal que, por puro medo, fomos coagidos a fazer uma procissão noturna pelo parque até ao templo grego para apaziguar os ânimos do elfo do Rodrigo com oferendas e cânticos e assim evitar que ele se transforme num Devil Elf!


PS: Em relação ao meu Snickers, não se preocupem. Uma Brigada Anti-Mean Elves já está na demanda do capeta e, entretanto, foi-me entregue um Lion como indemnização pelos danos sofridos!

Tuesday, December 11, 2007

Tudo quase na mesma!

Em plena sessão de exames, vá lá tiveram o bom senso de acabar com as aulas. Cheguei a duvidar que isso acontecesse e imaginava-me, depois de 8 horas de um qualquer curso surpresa obrigatório, a estudar "La Vie et Mort du Bloc Sovietique"... seria, enfim, la vie et mort de moi même!
À parte este pequeno pormenor, a rotina mantém-se. Continuam as conferências, os workshops e as reuniões com o Hanf às 8:30 da manhã. Continuam as festas, os concursos de fotografia, o yoga e a salsa. Continuo a ouvir as bolas de bilhar a chocarem umas contra as outras no andar de cima, o abrir e fechar de portas no corredor, o riso da Agata no quarto da frente e as gargalhadas da Katya amplificadas no hall. A Marta da recepção continua a dizer "Czeeeeeeesc!", eu continuo a responder "Czeeeeeeesc!" (à falta de melhor vocabulário) e a comida na cantina continua a ser paaaaaaasta (naquilo que é a interpretação polaca de "cozinha internacional")!
Peculiar é agora o facto de que as pessoas andam ligeiramente mais amarelas, carregam profundas olheiras e, tal como previ no início do ano, começam a levar as pantufas para a cantina e a esconder o pijama debaixo do sobretudo.

Saturday, December 8, 2007

Quase, quase!


O choque de passar 6 horas no centro da cidade deixou-me atordoada e ainda hoje duvido se não terá sido um sonho: as pessoas, as luzes, o movimento, o tráfico... quase, quase que me senti de novo uma verdadeira "citadina".
Mas depois lembro-me do chocolate quente bebido no tradicional café Wedel (quase, quase tão bom como AQUELE saboreado em Turim!) e dos pierogi caseiros que me libertaram da pasta mole, peganhenta e ultra-cosida da cantina - e, então, vêm-me as lágrimas aos olhos, tanta é a emoção de saber que que, afinal, existe vida lá fora!..

Thursday, December 6, 2007

Szczesliwych Mikolajek!



Dia de São Nicolau na Polónia!
Significa que para estes lados o barbudo da coca-cola chega mais cedo para distribuir os presentes. Deixa-se o sapatinho cá fora, segundo uns; espera-se que milagrosamente algo apareça debaixo da almofada, segundo outros.
Aqui na gaiola só serviu para aquecer ainda mais os ânimos, que, em plena época de exames, já andam suficientemente exaltados, desde o momento em que nos foi atribuído o papel de elfos. Foi ver tudo a deixar a chanata à porta e a ouvir os passinhos e as risadas nos corredores às 4 da manhã. Bom sinal, portanto! Significa que ainda estamos lúcidos e saudáveis, graças a Deus!
O jantar na cantina, entao, foi um luxo: à luz das velas e com o Pawel vestido de Mikolaj a distribuir calendários do advento!

Tuesday, December 4, 2007

The Guerrieri Effect: a kind of story

E assim rebentou a vaga de exames:

"How to define the collective action problem in European Economic Integration?"

Hum... terá isto a ver com a falta de espaço para secar a roupa no estendal? ou talvez... a velocidade fulminante com que as sobremesas desaparecem na cantina? ou se calhar ainda... com os mais recentes avisos misteriosos para baixar o volume da música, com direito a uma cópia das regras a cumprir, sublinhada a marcador fluorescente, escarrapachada na porta (onde é que eu já vi isto antes?...)?
Bom, seja como for, o exame foi bla bla bla competitiveness, bla bla bla efficiency... Enfim, tenho que admitir que aplicaram a "same old policy".
Os resultados, esses, é que são tão imprevisíveis e misteriosos como o meu novo elfo. O Prof. bem avisou, sublinhando repetidas vezes que "as a 'whule', in the end of the day, we have a completely different kind of story!"
E assim foi! O dia terminou com a celebração do "Guerrieri Effect", o modelo económico criado pelo Àngel para comemorar o seu aniversário. O "Guerrieri Effect" mede a ratio entre alchool e drunkness a curtíssimo prazo (hoje). A quantidade de alcool a ingerir e a bebedeira daí resultante encontram o seu ponto de equilíbrio no momento em que a consciência é igual a "Fuck! I have to study for the Law exam tomorrow!". Brilhante!

Sunday, December 2, 2007

Exam session

A sobriedade espartana recaiu sobre mim: voltei a fazer mapas de estudo, como na preparatória.
O meu plano é inflexível, rígido e severo como um soldado. Espero que também seja infalível... Qualquer desvio à trajectória definida é fatal e poderá implicar, na melhor das hipóteses, um bilhete de vinda à gaiola em pleno Agosto.
(Só ainda não sei se isso é bom ou mau...)

Friday, November 30, 2007

The golden cage ou os cães do Pawel

Chegou a hora de explicar:
Natolin é autosuficiente. Num perímetro de 300 metros, bem fortificado por grades e portões com seguranças 24h, temos tudo o que precisamos: as residências, as salas de aula e a cantina.
Um dia-tipo pode ser definido da seguinte forma:
8:45: do quarto para a cantina (pequeno-almoço);
9:00: da cantina para a sala de aula;
12:00: da sala de aula para a cantina (almoço);
14:00: da cantina para a sala de aula;
18:00: da sala de aula para a cantina (jantar);
19:00: da cantina para o quarto;
20:00: do quarto para a sala de aula;
21:40: da sala de aula para o quarto;
Há ainda que acrescentar a idas periódicas ao quarto para consultar os 30 mails que entretanto chegaram ou a mudança de horário à ultima da hora (o que nos impede totalmente de planear o tempo livre!) e, ainda, as actividades extra-curriculares: comités, tandems, conferências, workshops...
Claro que a coisa varia e nem todos os dias são tão pesados. Mas, basicamente, dá para perceber que com 6 dias por semana (às vezes 7) de um horário destes, dificilmente saímos da gaiola. Andar 10 minutos a pé até ao metro e mais 20 minutos de metro até ao centro da cidade é um luxo ao qual não nos podemos dar por falta de tempo e, muito em breve, também, por causa do tempo! Eis, pois, que gozo de liberdade, em média, uma vez por semana.
Do ponto de vista sociológico, diria que somos todos concorrentes num grande e longo Big Brother. Do ponto de vista psicológico, recorro às experiências de Pavlov: o ritmo compassado a que os dias passam é assimilado automaticamente; respondemos a estímulos que nos foram incutidos; somos zombies com reflexos condicionados. Somos, enfim, os cães do Pawel (o assistente do Students Office) e desconfio que, em breve, envergaremos todos uma farda às riscas brancas e pretas.

Wednesday, November 28, 2007

Global or Regional?

Have to decide, tik-tak, tik-tak, have to decide,
tik-tak, tik-tak, tik-tak, have to decide, tik-tak...
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Tuesday, November 27, 2007

Ives Pertane

O francês domina por estes lados.
Foi em francês que hoje respondi a 80 perguntas em 1h30m. Foi em francês que escrevi um mail, um postal, uma carta de recomendação, dois artigos de jornal e um resumo em 1h45m. Foi em francês que me descrevi, telefonei, descobri a minha reunião de trabalho preferida, propus soluções para o problema dos acidentes de viação e dissertei sobre a carreira diplomática e o sistema educativo português.
TCF à parte, foi também em francês que perguntei "Est-ce que tu pourrais lire mon essai de Geremek?" e em francês que ouvi "NON, je suis trés occupée".
Como se já não bastasse para o choque (nem na "terrível" FDL me deparei com tamanha falta de companheirismo), descubro no meu pigeonhole uma carta dirigida a uma Ives Pertane (?!?!). Sim, até admito que possa ser o meu nome, mas em que raio de língua??

Sunday, November 25, 2007

Quê?

Barroso para o Nobel da Paz??
Aaaaah, sim, claro!! Ficou tão bem o moço nesta foto!










Blair: To attack or not to attack Iraq, that is the question!
Bush: Yeeaaaaah! Iraquee bad!!!
Aznar: Pues que... dile que si!!!
Barroso: hummm... não sei... como podem ver pela minha cara, estou um bocado desconfortável com tudo isto (ou será que foi da feijoada que comi ao almoço?...). Até pus uma gravata diferente para que um dia mais tarde - sei lá, quando for Presidente da Comissão Europeia e me nomearem para o Nobel da Paz, por exemplo - possa vir dizer que dei o meu cartão vermelho!...
não vá o diabo tecê-las!!

Friday, November 23, 2007

Euronews


Aqui na gaiola temos Euronews em directo, ao vivo e em pessoa! Chama-se Dinan, é irlandês e parece-se com o Carmona Rodrigues (bexigas à parte).
Na primeira hora e meia da aula, comenta o discurso do Ministro dos Negócios Estrangeiros da Suécia de há uma semana, critica o do Sarkozy de há dois dias, analisa o record do vazio governamental na Bélgica e apoia o "Por qué no te callas?" bem mandado do Juanito (que, ao que parece, até já pode ser toque de telemóvel!). Faz ainda impersonificações da Margaret Thatcher e do seu famoso "I want my money back!".
Na restante hora e meia, não sei do que fala. Deâmbulo entre dilemas profundos ("mas afinal o que é que determina o eurocepticismo??") e preocupações superficiais ("tenho de ir ao TESCO comprar fio dental!"). A minha atenção só é captada pelos peixinhos que de repente aparecem no ecrã... glu-glu... ondeando por entre as águas límpidas do oceano... glu-glu... tendo apenas as algas como obstáculo... glu-glu... livres, leves, soltos, tranquilos e despreocupados... glu-glu... como eu queria... para, então, perceber que quem está a divagar é o Prof., de tal forma que a apresentação em PowerPoint foi substituída pelo screensaver! Reconfortada agora pelo facto de saber que, tal como eu, também ele é um fã do Finding Nemo, retorno às minhas deambulações...

Thursday, November 22, 2007

The idea of Europe


«Europe is made up of coffee houses, or cafés. These extend from Pessoa's favourite coffee house in Lisbon to the Odessa cafés haunted by Isaac Babel's gangsters. They stretch from the Copenhagen cafés which Kierkegaard passed on his concentrated walks to the counters of Palermo. No early or defining cafés in Moscow which is already a suburb of Asia. Very few in England after a brief fashion in the eighteenth century. None in North America outside the gallican outpost of New Orleans. Draw the coffee-house map and you have one of the essential markers of the 'idea of Europe'
George Steiner

Pois... eu já calculava!...
little tiny winy problem...
eu não gosto de caféeeeeee!!!!!...

Tuesday, November 20, 2007

Pourquoi l'Union Européenne?

Olha, porque houve uma miúda que se deixou raptar por um touro e, à pala disso, uma bandalha de intelectualóides lá em Bruxelas resolveu realizar o ditado do povo que diz que a "união faz a força", grande coisa!
Infelizmente, acho que só isto não chega para o essai de Civilisation Européenne. Preciso de mais umas quantas graçolas e insultos para chegar às 2500 palavras.
Sugestões?? Em franciú, s'il vous plait!!!

Saturday, November 17, 2007

Ainda na era soviética...

Numa altura em que o que é bom é ser franco, directo, honesto, sincero, coerente ou, como dizem na televisão, "igual a si mesmo", admiro a franqueza ou a lata, como queiram, do Senhor que disse algo como:

"It's not the people who vote that count, but the people who count the votes"

Na era soviética...

...a palavra democracia não fazia qualquer sentido se desacompanhada de adjectivo. "Democracia", por si só, não queria dizer nada. O que existia era a social democracia ou a liberal democracia. Qual a diferença entre as duas? A cadeira ou a cadeira eléctrica...

Thursday, November 15, 2007

Paul vs Photo Committee, a.k.a. The Paul Precedent


No final da cerimónia de entrega dos prémios do 2º concurso de fotografia, subordinado ao tema "Turquia" (claro!!), a Milena fez questão de enfatizar o facto de que "oh! you didn't win anything... again!...".
Bom, qualidade das minhas fotografias à parte (ou do júri, as a matter of fact!), algo de insólito, e eu diria mesmo, quase de ilegal!, se passou na entrega dos prémios de hoje.
Depois de anunciados os vencedores, atribuídos os presentes e elogiadas as fotografias, eis que uma grande revelação vem perturbar a serenidade (e a seriedade!) de tão solene evento.
O Paul, vencedor do 1º prémio na categoria de contrastes, confessa que teve um "patrocinador especial" para a sua obra de arte - que, por acaso, se intitula "turquish viagra". Saca a revista da Turquish Airlines e abre a página onde... está uma fotografia igual! "It was a joke! So I can't keep the prize!". O Comité de Fotografia, claramente apanhado desprevenido e tentando manter as aparências, insiste, com um sorriso nervoso, "no, no, keep it!". "Ok!". É preciso dizer que estava em causa uma narguila (ou chicha) dolorosa e carinhosamente regateada por mim e pelo Pere no grande bazar de Istambul!
O sucedido coloca delicadas questões que urgem ser analisadas pela jurisprudência. Por um lado, a fotografia foi tirada pelo próprio - não é a mesma coisa que ter sido meramente digitalizada, por exemplo. E foi o próprio que teve a ideia de tirar aquela fotografia precisa e não outra. Também foi o próprio que lhe atribuiu um título original: "turquish viagra". Mas poderá uma fotografia de uma fotografia ser considerada uma obra original? E qual é a relevância do título para a originalidade e a propriedade da obra? De qualquer forma, o júri deve ter ficado lixado por ter sido tão bem enganado!...
Ora, parece, então, que há que clarificar o conceito de "fotografia própria e original" e alterar com urgência as regras do concurso para evitar a criação de um precedente perigosíssimo, apto a desencadear os efeitos mais perniciosos, que podem até mesmo chegar à maléfica utilização do photoshop!!
Pela minha parte, fiquei chateada, pois claro que fiquei! Quer dizer, afinal até podia ter ganho!! Ou, se calhar, não...

Wednesday, November 14, 2007

Sarkozy's à paisana


Eles estão infiltrados entre nós.
Eis a prova:
O Political e o Debating Commitee juntaram-se para realizar duas consultas à comunidade da gaiola sobre a adesão da Turquia à UE (sim, estamos obcecados com o assunto!!!). O objectivo era indagar a posição dos "brilhantes jovens europeístas" antes e depois da visita de estudo.

Pergunta: “DO YOU THINK THAT TURKEY SHOULD JOIN THE EU?”

Respostas:
- antes da viagem:
YES: 46.8% NO: 53.2%
- depois da viagem:
YES: 38,7% NO: 61.3%

Conclusões:
1. 15% mudou de YES para NO, certamente traumatizados com o Hotel Babil...
2. Não foram os ventos asiáticos que trouxeram os Sarkozy's. Eles já cá estavam antes!...

Monday, November 12, 2007

Wszytkiego Najlepszego!

"O luar quando bate na relva
Não sei que cousas me lembra..."

Um baltinha, uma velha avózinha, um feijãozinho e uma palermice.
Telenovelas, ginseng, palavras amigas e novidades fresquinhas.
100 sorrisos, 100 velas e 100 maças.
Uma orquídea.
E...
A certeza de que o luar bate sempre na relva!
Sopre o vento ou caia a neve.

Sto lat, sto lat
Niech zyje, zyje nam.
Sto lat, sto lat
Niech zyje, zyje nam.
Jeszcze raz, jeszcze raz,
Niech zyje, zyje nam.
Nieeeeeeeech zyje naaaaaaaaaaaaaaam!!

N.B.: É só para ler e não para cantar!

Sunday, November 11, 2007

Olhe, desculpe,...

...mas era só para avisar que se esqueceu de me completar o horário: ainda tenho meia hora livre no próximo Domingo e, francamente, não sei o que fazer com tanto tempo!...

Saturday, November 10, 2007

A dupla legal

A dupla de Profs. de Direito é demais!
O'Keefe poderia ser um concorrente entre os muitos que participam anualmente no Concurso Nacional do Bigode, mas é mais fino porque usa pullover da Burberry - o que o aproxima do Fernando Rosas, tal qual se apresentou no cartaz das presidenciais em 2001. A sua pronúncia irlandesa cerrada ajuda a completar o cenário: sentado no alto do seu estrado, com bule e chávena de chá ao lado, e enquanto não toca o lembrete que entretanto pôs no telemóvel para saber quando é o break, debita, com humor, a longa jurisprudência do TJCE, tentando, sempre que possível, arranjar um paralelismo com um qualquer filme onde o Tom Cruise tenha entrado, que é para ver se acordamos!
Biondi é "un italiano vero", como na canção de Patrizio Buanne! Extraordinariamente, não tem a pronúncia cerrada a que a trilogia do Padrinho nos habituou, mas tem a passione na retórica! e no charme também! Cumpre bem a tradição dos professores italianos, tal como a conheci em Bologna, de tratar os alunos como gente e insiste em ficar à conversa no bar até às tantas. Vá lá, vá lá, que não tem ganas de dançar, senão era o rei da pista!!
Hoje, sendo a última sessão de aulas, a dupla resolveu bancar um bar aberto a toda a comunidade estudantil, para dizer adeus e assegurar que não nos ia tramar no exame. A ver vamos!...

Wednesday, November 7, 2007

The laundry-basket mafia


A lavandaria da residência está um caos desde que chegámos da Turquia: as máquinas de lavar e secar sempre ocupadas, os estendais a abarrotar e os cestos da roupa que desapareceram...
Hoje, o Krzysztof revoltou-se e enviou um mail geral a pedir a toda a gente para devolver os cestos da roupa desaparecidos.
Seguiu-se um chorrilho de RE's de apoio e a coisa desenvolveu-se até atingir um nível de maior profundidade: "is it really necessary to use the washing machine's full cycle (about 40 minutes duration, about 90 -NINETY- LITERS OF WATER needed) only for washing two blue jeans and one t-shirt, or one pant + a pair of socks (as i have already seen more than once)?"
De facto, não é preciso ser do Greenpeace, mas apenas ter bom senso...

Como a boa disposição nunca falha por estes lados, claro que o Luís tinha de dar um ar da sua graça, numa resposta que me arrancou umas valentes gargalhadas!

"Laundry-basket mafia:
We know that you collaborate with free masons and David the gnome against the college public interest. We also know that you are among those who provoke water shortages each morning in order to promote bad smell in the college and listen to the spice girls late in the night for the higher glory of flower power and that these actions are part of a plan to transform the college in a hippy community. We also know that some of you are members of Bruno Castro fanclub, someone known a dangerous hippy postmodern activist and presumably the leader of your organization. We know everything about you. A citizen brigade has been formed to hunt you. We are armed and dangerous. We know who you are and if you don't give the laundry boxes back in 24 hours we will publish shameful information about your sexual life which will destroy your reputation. This is an ultimatum.

Be a good citizen, kick a laundry basket robber.

Anti-laundry-basket-hippymafia Committee,
Natolin section"

Tuesday, November 6, 2007

Já começa...

A depressão começa a instalar-se...
Para além do factor "gaiola", dos vários papers para entregar até ao final do mês e dos exames já em Dezembro, agora às 4:30 da tarde já é noite cerrada...
Hoje "chuvinevou" pela primeira vez. Lá fora estão 2 graus.

Monday, November 5, 2007

Güle güle Istambul!!!


A cidade vive numa tensão permanente entre modernidade e tradição. Deparei-me com um ambiente contrastante onde o ocidente meets o oriente, onde o espírito europeu convive com as tradições asiáticas. De forma ilustrativa, posso dizer que é uma cidade onde mulheres sem véu são impedidas de entrar nas mesquitas e mulheres com véu são impedidas de entrar nas discotecas.

Breves impressões da study trip:

O bom:
- as mesquitas, com as suas cúpulas e decoração bizantina, são particularmente bonitas quando iluminadas à noite;
- Topkapi, o palácio dos sultões da época otomana, e, em especial, o faustoso harem, magnificamente decorado com azulejos;
- o Museu Arqueológico, uma colecção impressionante que inclui, a título de exemplo, o túmulo de Alexandre Magno;
- o bazar das especiarias, as cores e os cheiros, sobretudo do chá!!...
- Taksim, o Bairro Alto de Istambul, só que em grande escala;
- os bares de Ortakoy: confortavelmente sentados em pufs gigantes, bebe-se chá e fuma-se narguila, com música turca ao vivo.
- os doces: baklava e lokum! hummmm!!!!

O menos bom:
- o cheiro a chulé dentro das mesquitas...
- o grande bazar, demasiado turístico para ser genuíno... (uma pequena desilusão, que, diga-se, não me impediu de fazer compras!)
- o hotel, não muito dado à higiene e situado numa conhecida zona de prostituição ucraniana...
- o tráfego completamente desordenado e incontrolável, a hora de ponta tem 24h.

O inesquecível:
- Atatürk, o pai da República é omnipresente;
- Hamam ou os banhos turcos, em Cemberlitas;
- os anos da Milena celebrados junto à Mesquita de Ortakoy, ao pé da ponte que liga a Europa à Ásia;
- ter perdido o telemóvel num bar de Ortakoy e encontrá-lo dois dias depois!!
- o taxista que me pôs ao telefone com a filha que tinha estado 2 anos em Lisboa a estudar no Técnico!!??
- o Turkish Bar, que, na última noite, nos presenteou com uma versão em turco do "I will survive"!!!

Monday, October 29, 2007

A caminho...

... da Turquia!!!!


Depois do Paper de economia, entregue 20 minutos antes do prazo terminar (não está nada mal para quem aprendeu a lidar com deadlines na VFA!!);
Depois do primeiro contacto com os serviços de saúde polacos (e do alívio que é não ter uma infecção no ouvido, mas apenas uma infecção generalizada de garganta-nariz-ouvidos, ufa!);
Depois da aula de Survival Turkish (que, ainda assim, devo dizer, me parece mais fácil que o polaco...);
Depois da antecipada festa de Halloween, onde fui um "livro de terror": Pelkmans, o susto de qualquer estudante que detesta economia!!!
...
tenho as malas feitas e estou pronta para enfrentar uma semana de conferências com fins de tarde livre, não! rectifico, "fins de tarde livre ou periodos de individual research" (assim é que é, para citar o programa das festas) na maravilhosa cidade de Istambul!
Bora lá então à descoberta dos encantos intelectuais (e não só, espero!!) da Turquia!

Friday, October 26, 2007

Quero os meus dancing shoes!!!!


Afinal existe salsa na Polónia!!
As aulas começam hoje. O Michal conseguiu juntar umas 20 pessoas e arranjou uma prof que vem cá uma vez por semana. Claro que (só um pequeno pormenor!) é para iniciados. Bolas!!! Vou ter de começar tudo outra vez!!!
De qualquer forma, vai ser bom ouvir a música, sentir o ritmo e dançaaaaaaaaaar!!!
Anda tudo bastante entusiasmado e a troca de mails sobre o assunto vai ao ponto de suscitar reflexões socio-psicológicas sobre o tema da dança em geral, como esta que aqui deixo, enviada pelo Mircea:

"Regarding insights into the ways people in different cultures learn, there are interesting things, I find, in some of the studies of primitive tribes. For instance, there are tribes in Africa who, as part of their tribal decision-making process dance around the problem. They may sit down to talk about it a little, and they'll get up, and there'll be some music or drumming, and they'll dance for a while. Nobody questions why they do this: it's part of their cultural routine. Then they'll sit down again - and solve the problem. They trust and believe that the dance is an essential ingredient of the problem-solving process.
This is a very kinesthetic approach to communications and problem-solving! ..I believe that it involves fairly intricate psychological and physical sensibility. I suggest you try this with your Boards or your project-teams: you state what the problem is, and then you get up and dance. See what happens!"
From a speech by Peter Scholtes on Learning and Leadership.

Thursday, October 25, 2007

The Sweet Little Group


Três marmanjos. Uma missão impossível.
Uma portuguesa, uma francesa e um polaco. Três juristas alérgicos a economia, unidos pelo cruel destino imposto pela proximidade dos seus quartos, partem numa demanda em busca de toda a verdade acerca da liberalização da política comercial comum. Pelo caminho, tentarão salvar o mundo das falsas bananas e da carne com hormonas!
Conseguirá o sweet little group encontrar a luz ao fundo do túnel e assim cumprir o seu desígnio económico? Conseguirão estes jovens sobreviver à sobre-exposição a algarismos, variáveis e gráficos?
Acção, humor negro e muitas dúvidas.
Comédia, drama e terror psicológico.
Brevemente. Num cinema perto de si.

Tuesday, October 23, 2007

Os três sentimentos do dia

A Glória
Amanhecemos com as façanhas de Carlos Magno, o Pai ou Rei da Europa. Foram tempos gloriosos de civilização através da barbárie. Foram tempos gloriosos também porque já passaram muitos séculos e, não tendo ninguém filmado o derrame de sangue daquela gente (o filme não conta!!!), resta apenas a visão romântica que a História nos dá.

A Vergonha
Fizemos a digestão ao som de um nativo norte-americano que procurava explicar o mais convincentemente quanto lhe era possível a incursão e permanência das tropas americanas no Iraque. Durante o seu longo e sincero discurso só me ocorria aquela frase que ouvi dizer que circula sob a forma de autocolante pelo menos num carro em Washington: "Be nice to the U.S., or we'll impose democracy on you".

A Esperança
Adormecemos embalados pela amarga melodia de uma Turquia que lidera o top dos países com maior número de processos no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, mas, ainda assim, acalentados pela esperança de que a "influência europeia" possa alterar a situação. Na próxima semana, examinaremos a questão in loco.

Sunday, October 21, 2007

A parada da normalidade


Como certamente ouviram falar, o par de gémeos polacos mais famoso do momento - sim, aqueles que são, nem mais nem menos, e só por coincidência, o PR e o PM cá da zona - andou a portar-se mal na cena europeia!... Então não é que os malandros se opunham à criação do dia europeu contra a pena de morte? Não é que apoiassem a pena de morte, claro. Simplesmente pretendiam abordar a coisa pelo lado positivo e daí a sugestão da criação do dia a favor da vida. Enfim, o constragimento acabou por ser ultrapassado e a vida, essa, continuou.
O que eu não sabia é que estes rapazes já tinham antecedentes!... Mas no outro dia, na conferência sobre as eleições polacas (sim, começo a passar as minhas noites de 6ª feira em conferências... isto pega-se!), fiquei a saber de uma pérola que tenho de partilhar. Parece que há uns tempos havia a intenção de organizar em Varsóvia uma gay parade. Os gémeos não deixaram e em vez disso... propuseram uma normality parade! A "normalidade" por oposição à "anormalidade", suponho?? Como eu gostava de ter visto as fotos deste evento!
A coisa não fica por aqui, porque, entretanto, na mesma conferência, vim a saber onde é que os manos foram buscar a inspiração: ao líder da Liga das Famílias Polacas (o partido polaco mais à direita), que chegou mesmo a requerer a dissolução do Parlamento, porque "sentia que estava demasiado sob a influência do lobby homossexual".

Friday, October 19, 2007

"Porreiro, pá!"


Temos Tratado de Lisboa!!!!
Seja ele alfacinha de gema, reformador, simplificador ou até mesmo "complicador", o que interessa é que agora toda a gente acha que somos os "máiores"! Tirando os alemães, claro, que sabem perfeitamente que o trabalho foi todo deles. Mas graças a um mero acaso do destino que nos colocou ao leme da UE neste preciso momento, cá estão os "tugas" para receber os louros e, claro, "virar a página da História Europeia"! Pela minha parte, mal consigo esperar para ver as edições da Almedina com "Tratado de Lisboa" na capa! Vai ser a loucura!!
Como podem imaginar o assunto fervilha por estes lados. Mais quente, só mesmo o tema das eleições legislativas polacas, que são já no próximo Domingo.

Thursday, October 18, 2007

Art. 301.º do Código Penal Turco

"1. Public denigration of Turkishness, the Republic or the Grand National Assembly of Turkey shall be punishable by imprisonment of between six months and three years.

2. Public denigration of the Government of the Republic of Turkey, the judicial institutions of the State, the military or security structures shall be punishable by imprisonment of between six months and two years.

3. In cases where denigration of Turkishness is committed by a Turkish citizen in another country the punishment shall be increased by one third.

4. Expressions of thought intended to criticize shall not constitute a crime."

Dois comentários apenas:

1- Por causa deste artigo é crime falar do genocídio armeno. Imaginem se fosse na Alemanha: ninguém poderia falar do Holocausto??

2- E se fosse em Portugal?
Como se traduziria Turkishness? "Portugalismo"? "Portuguesismo"? "Portuguesisse"? É um caso a pensar...
E quem já estaria preso? Certamente todas as pessoas que fizeram piadas, enviaram (e receberam!) mails, escreveram ou gesticularam sobre a licenciatura do Sócrates. O Saramago, por exemplo, com a sua tese da integração de Portugal na Espanha já estaria certamente no exílio - mas é claro que isto é apenas uma mera hipótese sem qualquer fundo de verdade!...

Monday, October 15, 2007

Photo Committee!!


Viver, respirar e absorver o espírito europeísta implica que qualquer actividade que queiramos promover aqui na golden cage tenha de ser estruturada à moda da Comissão.
Isto significa criar comités, sub-comités, grupos de trabalho, sub-grupos de trabalho, sub-sub-grupos de trabalho, etc. Tudo com a finalidade, claro está, de estruturar e simplificar as coisas (?!?!?).
Graças ao espírito empreendedor da maioria, já temos o Bar Committee, o Cinema Committee, o Cultural Committee, o Political Committee, o Debating Committe, o Sports/Jogging Committe, o Bicycle Committee, o Bielorrussian Working Group, o Coro... e, agora, também, o Photo Committee!!!
Já lançámos o primeiro concurso subordinado ao tema "The Campus: day & night". Todos os meses vamos lançar concursos com temáticas diferentes e no final do semestre vamos fazer exposições e até mesmo um leilão! O melhor de tudo é que, embora sendo parte do Comité, também vou poder participar - basta não ser juri ou mediador no concurso em causa. Finalmente vou poder pôr em prática todos os conhecimentos de fotografia que adquiri no workshop de 1 dia que fiz há 2 anos!!! Não há dúvida que vou arrasar!

Saturday, October 13, 2007

Bonfire & Noces d'Argent


Esta sexta-feira foi noite de "meninos à volta da fogueira". Como bons escuteiros, o "cunbíbio" fez-se à luz do fogo, ao som da viola (e de várias vozes dasafinadas!), ao calor de um bom vodka e ao sabor de marshmalows tostados. O frio não passou de um pormenor.
Na noite seguinte, o tão anunciado e esperado concerto bielorrusso. Noces d'Argent é o nome do grupo eléctrico que podia bem ser tirado de um filme do Kusturica. Eles tocam, cantam, dançam, declamam poesia, fazem teatro, conseguem, até mesmo, subrepticiamente, caricaturar o estado do país (um bonequinho que voa, leve e solto, em busca de liberdade vs um rato asqueroso que rasteja, ataca e come) - tudo isto num clima de cabaret com muito bom humor e só alguma melancolia!

Friday, October 12, 2007

Unida na diversidade


Apesar do que possa parecer, não são raros os momentos em que tenho verdadeiras crises existenciais acerca desta coisa que é a União Europeia. É muito bonito estar "unida na diversidade", mas, afinal, o que é que eu tenho de comum com os búlgaros, com os letões, com os cipriotas, não vamos mais longe, com os polacos???
É por isso que aprecio as raras situações em que se me faz alguma luz acerca do assunto e acho que, inconscientemente, procuro esses pequenos sinais que me vão desbastando as incertezas.
Hoje, durante a aula de "L'Europe Central dans l'Union Européenne dans le contexte de la globalization" (que raio de nome para uma cadeira!!) assistimos a um documentário sobre o processo de "des-sovietização" na Polónia.
De repente, apercebi-me que há algo que identifica profundamente polacos e portugueses: uma mesma sensação de orgulho nacional pelo caminho traçado de forma pacífica rumo à democracia, se bem que partindo de extremos opostos. Eles, com Lech Walesa à cabeça do sindicato Solidarnosc e as negociações da mesa redonda, tal qual cavaleiros do Rei Artur. Nós, com Salgueiro Maia a contrariar o "estado a que isto chegou" e os cravos em riste a avançar pelas ruas!

Wednesday, October 10, 2007

Hola!

"
que fuerte... bardem i penelope cruz son pareja!!!!!!!!!!!!!!!

http://www.elpais.com/articulo/gente/Confirmado/Bardem/Pe/pareja/elpepugen/20071010elpepuage_9/Tes
"

É a notícia do dia que anda a circular pelos mails da comunidade espanhola local - da qual eu, pelos vistos, também faço parte, vá-se lá saber porquê.

Communication Skills Workshop

Depois de várias apresentações feitas com recurso a slides sóbrios e textos pesados, sobre temas sérios que qualquer estudante de qualquer masters tem gosto em aprofundar (como "O impacto do princípio do primado no direito inglês", "A Presidência espanhola da OCDE", "O poder de supervisão dos bancos centrais", "O genocídio na Arménia), apareci eu, à menina da primária, com os meus slides coloridos, a bandeira do nosso Portugal logo a abrir.
"Ora então vamos lá falar da língua portuguesa no mundo!".
Por entre as caravelas dos gloriosos tempos das Descobertas e as bandeirinhas de todos os países lusófonos, recorrendo a quadros ilustrativos do ranking mundial das línguas mais faladas (o português é a 5ª!), lá fui percorrendo a história da expansão da língua, só para no final chegar à brilhante conclusão de que "O Português é falado em todo o mundo!" (a letras verdes, grandes, gordas e com ponto de exclamação no final).
Isto tudo, claro, metade em Francês e metade em Inglês, com microfone na mão e câmara a filmar.
O passo seguinte era observar o meu próprio desempenho e sujeitar-me às críticas dos profissionais na matéria. Não estamos propriamente nos "Ídolos", por isso o feedback foi soft e até mesmo positivo (quem diria?!). Uma coisa fiquei a saber: a câmara não transparece os nervos, ou, então, como me disseram, sou muito boa actriz e devia ganhar um óscar por saber disfarçar tão bem!

Tuesday, October 9, 2007

Wandering in Warszawa

Hoje, finalmente, eu, um mapa e as ruas de Varsóvia.
Foi o suficiente para poder afirmar que já não me perco na cidade (pelo menos na zona centro)!

Sunday, October 7, 2007

Anna Politkovskaya & Hrant Dink's Promotion

«Academic years at the College are known as promotions.
Each promotion is named after outstanding Europeans.
The 2007-2008 promotion is named after
Anna Politkovskaya & Hrant Dink.»

ANNA POLITKOVSKAYA:
jornalista e activista dos direitos humanos, feroz crítica da Rússia de Putin. Faz hoje um ano que foi assassinada. Aguarda-se qualquer coisa, tipo justiça.

Saturday night in Warszawa


Depois de uma semana de 6 dias intensíssima, era obrigatório sair da golden cage (é como a partir de agora lhe passo a chamar - depois explico) e disfrutar da noite cosmopolita, dos odores urbanos, dos sons retro que Varsóvia tão bem sabe oferecer.
O ponto de partida foi na Ulica Mazowiecka, onde estão concentrados a maior parte dos bares e discotecas.
Começámos pelo Paparazzi, um bar decorado com fotografias a preto e branco das grandes estrelas de Hollywood, música aos altos berros, enfim, um ambiente um bocado posh.
Lado a lado, a discoteca Enclawa. Na continuidade do estilo figheto, às 23:00 da noite já estava tudo na pista a dançar. Há que realçar que "tudo" são 90% de mulheres e, que eu saiba, não era ladies night out...
À frente, o Mono Bar. Ora até que enfim alguma coisa de jeito! Decoração 70´s, música 80's e polacos genuínos!
Decidimos terminar a noite em Praga, na outra margem do rio. Estão a ver as dicotecas do Trainspotting? Foi assim que me descreveram a noite em Praga. De qualquer modo, não nos fomos enfiar em nenhuma garagem underground (pelo menos por enquanto) e acabámos por ficar num pequeno bar cuja decoração ia da pintura religiosa renascentista aos candeiros de Arte Nova, sentados ora em confortáveis sofás de estilo inglês, ora em cadeiras retiradas de salas de cinema dos anos 50 e onde as mesas eram, nada mais, nada menos, do que máquinas de costura iguais àquela da minha bisavó que lá tenho em casa!

Saturday, October 6, 2007

Um odor subtil

Tenho vindo a constatar a descontração do pessoal durante as aulas.
Ele é bonés dentro do anfiteatro; ele é pés e pernas (desnudadas) em cima das cadeiras enquanto se coloca uma pergunta inteligente aos assistentes (o que é mesmo muito inteligente no caso das meninas); ele é comer laranjas na aula de francês, etc.
Mas tudo bem. Sem dúvida é um dos encantos do multiculturalismo.
Agora, há um hábito esquisito que me tem vindo a causar algum desconforto, não tanto só por ser esquisito, mas sobretudo por ser pestilento. Já é a segunda vez que acontece.
Enquanto esforço por concentrar a minha atenção no efeito Balassa-Samuelson (o que exige muito de qualquer pessoa normal), um odor subtil vem até mim pela brisa do ar condicionado. Olho à minha volta e demoro algum tempo até detectar a causa. Hum... o vizinho da frente está a descalçar os sapatos!... Descalça, calça, volta a descalçar, volta a calçar... Caramba! Com esta rotação de odores não me consigo concentrar! Calça lá isso de uma vez ou vai ao Tesco comprar desodorizante para os pés! Ah! e por favor trata disso hoje, porque com as 7 h de Economia que temos amanhã já vai cheirar mal o suficiente!

Tuesday, October 2, 2007

Le plan à la française

Desde o primeiro dia de aulas que ouço falar do "plan à la française". Ora é o assistente que diz que vamos ter que entregar uma dissertação seguindo o "plan à la française", ora é alguém que pergunta se a dissertação que vamos ter de entregar tem de ser de acordo com o "plan à la française".
Mas que raio é o "plan à la francaise"???
Pois hoje tive a oportunidade que precisava para deixar de ser ignorante. O workshop sobre "L'ecrit universitaire en français" elucidou-me deveras, arrancando-me definitivamente do submundo literário-académico em que me encontrava!
Diz então que o tal plano consiste em: introdução, corpo do texto e conclusão! Confessem lá, nunca tinham pensado em tal coisa, pois não? É muito à frente!
Claro que depois há especificidades, tais como dividir o corpo do texto em 3 partes segundo a estrutura SAP (Situation, Analyse e Proposition). Mas atenção!! Os juristas só podem dividir em 2! Segundo consta, analisam a questão e propõem a solução "tudo misturado". Percebem??!!
Mas deixando as formalidades e passando ao conteúdo,... qual conteúdo?? É que parece que o lema subjacente ao dito plano é "não interessa o que escreves, mas sim como escreves".
E assim se "escreve" nas Universidades francesas...

N.B. isto não é uma crítica! Os próprios franceses são os primeiros a admitir que a coisa é capaz de ser um bocadinho superficial...

Sunday, September 30, 2007

1 mês

Há 1 mês atrás, Lisboa.
1 mês depois, Varsóvia.
Daqui a 1 mês, Istambul.
Mais 1 mesito e, para mim, é mais 1 ano.
Depois, volto às origens e começo outra vez.

Saturday, September 29, 2007

O mercado russo


Imaginem a cratera de um vulcão. Todas as pessoas na berma a olhar para aquele fosso profundo. É assim o mercado russo. Só que não na cratera de um qualquer vulcão (porque não há dessas coisas para estes lados), mas num estádio de futebol.
Explico. O mercado não é no relvado, que, apesar de tudo, ainda existe. Nem nas bancadas, onde agora nascem árvores. O mercado russo fica lá em cima, na berma do precipício e depois desce pela encosta imensa.
Depois do primeiro impacto provocado pela "paisagem", o mercado russo não me desiludiu. Tal qual feira da ladra, tem de tudo. Mesmo de TUDO. Tem até russos (quem diria), que vendem matrioskas e pins do Lenine. Só não dei foi pelos ciganos aos berros - o que, admito, tira um bocado de encanto à coisa!
Claro que, como verdadeira apreciadora de feiras e mercados, não podia ter deixado de ir. Especialmente depois de saber que o mercado russo tem os dias contados. É que vem aí o Euro 2012 e, ao contrário de nosotros (é sempre boa táctica falar em espanhol quando estamos a dizer mal do nosso país... só para confundir!), a Polónia prefere recuperar os estádios existentes.

Wednesday, September 26, 2007

Conseguiiiiiii!!!!

Dar uma volta completa ao parque!!!
Hoje.
Pela primeira vez.
O que significa correr 3 Km.
O que fiz exactamente em 20 min.

A Bitsch

O curso de Histoire de la Construction Européenne ia ser dado pelo Prof. Lukaszewski. Segundo percebi, trata-se de um dinossauro vivo, mas no bom sentido, ou seja, estilo Adriano Moreira cá da zona, o que me deixou bastante entusiasmada em relação às aulas. Mas, infelizmente (ou não - nunca o saberei), o Prof. Lukaszewski adoeceu e não pode vir dar o curso.
Tiveram, então, que arranjar alguém à pressão que viesse da "Europa" substituí-lo (a este respeito, acho que posso dizer que a Polónia, se bem que no extremo oposto, sofre de um mal semelhante ao de Portugal). A solução foi M. T. Bitsch.
A Bitsch, de certeza, tinha mais do que fazer em Strasbourg, pelo que teve que concentrar no tempo a sua estadia em Natolin. Resultado: 12h de Bitsch em 2 dias, com direito a exame no 3.º dia.
Devo dizer, agora olhando para trás, que a Bitsch acabou por não ser tão má quanto o nome indiciava. O seu ar de avózinha chegava até a ser ternurento. Mas, convenhamos, há limites para aturar as Bitschs deste mundo e 12h ultrapassam bem as marcas! Além disso, a sua verdadeira natureza acabou por se revelar no 3.º dia (é sempre no 3.º dia que acontece qualquer coisa). Foi então que o exame fez juz ao nome...

Sunday, September 23, 2007

Chopin


Na casa onde Chopin nasceu (Zelazowa Wola) fazem concertos todos os Domingos.
Os VIP's (i. e., as pessoas que reservaram com antecedência) ficam na sala onde o próprio Chopin tocava para os seus amigos. A ralé "vê" o concerto de cá de fora, pelo som que sai das janelas escancaradamente abertas.
As obras do grande mestre são interpretadas por pianistas polacos. Estes pianistas polacos têm tendência para ser jovens em ascensão com pinta de superestrelas de rock. O de hoje, abanava tanto a cabeça, revolvia tanto o cabelo, que era só pôr-lhe umas calças de cabedal, tirar-lhe os óculos, substituir o piano pela guitarra eléctrica e voilá: Axel Rose no seu melhor!

Saturday, September 22, 2007

Survival Polish

Finalmente, hoje acabou o intensíssimo curso de polaco! Digo finalmente, porque, de facto, 5 aulas por semana ao longo de 3 semanas, com um método de ensino que não lembra ao diabo, já chega!
Depois de uma primeira aula estilo "me Tarzan, you Jane" (a Prof. só falava polaco!), a informação foi-se acumulando que nem uma bola de neve, de tal modo que, neste momento, sou, teoricamente, capaz de me apresentar (saudação, dizer e perguntar nome, nacionalidade, idade, profissão e morada), contar os números até 100, chamar um taxi, comentar o tempo, dizer as horas e os dias da semana, pedir no restaurante, dar indicações na rua e falar com a senhora da mercearia sobre os kilos de batatas ou o vinho (tinto ou branco, seco ou semi-seco) que quero comprar!
Não seria muito, se estivéssemos a falar de espanhol. Mas como estamos a falar de ter de decorar frases como "Prosze isc prosto a potem skecic w prawo" e palavras como "oczywiscie" (e estou-vos a poupar os acentos sobre as consoantes e as cedilhas sobre as vogais) é, de facto, dramático!
Para agravar a coisa, acharam que não era importante explorar a gramática. Martelar os sons e apelar à memorização é que é bom (como me arrependo de nunca ter aceite aqueles panfletos de tecniche di memorizzazione que distribuíam na Via Zamboni!...). Cheguei a ter pesadelos com os números: via-me numa sala de aula a dizer a tabuada em polaco, como na primária. Conclusão, agora até sei dizer alguma coisa, mas não faço a mínima ideia onde está o sujeito, o verbo, os complementos e por aí adiante...
Ainda assim, como sou persistente, vou continuar!

Wednesday, September 19, 2007

Kreil


Tanja Kreil era uma jovem alemã que queria ir para a tropa. Mais especificamente, ela queria trabalhar no serviço de manutenção de armas do exército. Só que não a deixavam! É que na Alemanha as mulheres que seguiam a carreira militar das duas uma: ou eram enfermeiras ou pertenciam à banda musical. Em termos simplistas, assim dizia a lei.
Tânia não se deixou ficar e, por isso, foi ao Tribunal de Justiça das Comunidades dar uma lição àqueles conservadorzecos machistas!
A história serve de pretexto para estudar o princípio do primado do Direito Comunitário sobre a lei nacional.
Na aula, a dado momento, alguém (não jurista) teve a ousadia de perguntar "mas então e depois? o que é que aconteceu à Tânia?". A Prof. respondeu simplesmente "Sei lá! Isso não interessa. O que interessa é o primado, a proporcionalidade, a igualdade, o efeito directo, o que diz o artigo X e o que significa o artigo Y."
Sim, claro, no meio disto tudo a Tânia é de sumenos importância. Saber se ela conseguiu concretizar o seu sonho de infância ou se foi forçada a ter de tocar tambor para o resto da sua vida é só um pormenor!
Mas então e aquela coisa que costumam dizer? Como é? "A justiça serve as pessoas"??

Tuesday, September 18, 2007

Binas


Não, ainda não é desta que me torno numa ciclista convicta.
Digamos que não sou propriamente uma perita em bicicletas, certo?
Aquela vez, no interrail, em que tive de voltar sozinha de barco (com a bicicleta no barco!), apesar de ter exigido os travões de mão, como só as criancinhas holandesas fazem, não foi por acaso. Como não foi por acaso as 5 ou 7 vezes que me espalhei em Strasbourg nos 3 dias que lá estive, nem o pé inchado e a mão paralizada que daí resultaram.
De facto, não foi por acaso. Foi mesmo falta de jeito.
Mas desta vez tínhamos combinado dar um passeio de bicicleta pelos parques aqui em redor. Afinal estava sol e tínhamos a tarde livre - era urgente aproveitar ambos! Eu ainda não tinha experimentado as bicicletas do campus e era reconfortante saber que esta zona da cidade é plana e bem servida de ciclovias.
Ainda assim, acabei por não passar do portão.
É que estas bicicletas têm nacionalidade polaca, ou seja, suportam pessoas com 2 metros, no mínimo, excluindo, por isso, aquelas que têm uma altura mais mediana... assim, por exemplo, como eu! Digamos que nem consigo saltar para cima da bina. Não, pelo menos, sem que isso implique danos sérios em algumas partes mais sensíveis do meu corpo.
É como o Daniele disse "No bici for you for the rest of the year!".
Parece que vou ter de deixar para depois a cura do meu "ciclotrauma". Ou, então, junto-me às italianas: formamos o Comité das "Latin Women are Little (but not that much!)" e exigimos a compra de um lote de binas à nossa medida. Qualquer recusa será pura discriminação!
Pelo sim pelo não, por enquanto vou-me dedicar ao jogging...

O Big College

Hoje finalmente instalaram-nos a TV por cabo! 40 canais que atestam que a Polónia não ficou para trás no tempo.
Começei a fazer zapping. Depois de mais de 20 canais polacos e russos, fiquei contente quando me deparei com a RTP internacional! Para além de ser sempre confortável ouvir a língua materna, ao menos agora notícias como o escândalo da Casa Pia não me iam passar totalmente despercebidas (como, a dado momento, chegou a acontecer...).
Continuando com o zapping, encontrei um canal que exibia uma imagem estática de... uma sala? cadeiras cor de vinho, piano ao fundo, colunas brancas, grandes janelões, estrado com e-u-r-o-p-e-2-0-0-7 em letras garrafais??? Mas... isto é a sala A2!!?? O auditório onde temos a maior parte das nossas aulas!?
Confesso que a primeira reacção foi à dondoca: "uau, que luxo, isto é muito à frente! só no estrangeiro, mesmo!"
A segunda foi pragmática: "assim, se por acaso estiver doente, não preciso faltar às aulas, posso assistir a tudo daqui do quarto!"
A terceira foi à calona: "hum... a verdade é que nem preciso estar doente para ficar deitadinha na cama a assistir às aulas! ui, ui, quando vier a neve vai saber tão bem!"
A quarta foi à gozona: "dá para ver tudo daqui! heheh, vai ser giro, vai! ver o pessoal a tirar macacos do nariz!"
A quinta foi à cai na real: "mas, então, se eu posso ver tudo o que se passa na A2, isso significa que... toda a gente também pode ver tudo o que se passa na A2!!!"
A sexta foi previdente: "Não esquecer de não tirar macacos do nariz na sala A2!!!"
Just in case...

Monday, September 17, 2007

Fechadura

De facto, quando ouvimos línguas diferentes, há sempre aquelas palavras que nos soam de forma mais estranha, agressiva ou cómica, mesmo que o significado não o seja necessariamente. É daquelas coisas que não se consegue explicar, apenas se sente.
No meu caso, marcou-me a forma como os italianos dizem Batman. Digamos que uomo pipistrello não me transmite propriamente aquela masculinidade que associo ao heroi. Não consigo deixar de imaginá-lo a cantar o YMCA. Já o Spiderman, ou uomo ragno (sendo que ragno se lê como "ranho"), não me afecta tanto. Afinal, sempre estamos a falar de um puto que já se baba de qualquer maneira para fazer as teias, pelo que ser também ranhoso não é, de todo, despropositado.
Por enquanto, ainda não descobri a palavra polaca que me irá fazer rir durante mais de duas semanas. Mas acabei de descobrir a palavra portuguesa que faz os polacos rir a bandeiras despregadas...

Les Colporteurs e Tygmont


Uma verdadeira soirée cultural.
Primeiro, um espectáculo circense à boa maneira francesa, com equilibristas multifacetados que dançam, cantam e representam, saltando de corda em corda.
Depois, um concerto de Jazz num dos mais conceituados bares da especialidade, ou não fosse Varsóvia mundialmente conhecida como a cidade do Jazz.
O melhor disto tudo (nunca pensei dizer isto, mas) são os resquícios do comunismo: cultura grátes, camaradas!!!

Bar Rosso's


Como qualquer campus universitário que se preze, Natolin oferece-nos auditórios, salas de aulas (nos estábulos do palácio), salas de projecção de filmes e biblioteca (à antiga, com mezanine e recantos privados para estudar e não só - muito famosos entre os alunos).
Oferece-nos também lavandaria e cantina (com pequeno-almoço de hotel onde há nutella!!!).
Oferece-nos ainda ginásio, sauna, sala de bilhar, mesas de ping-pong, matraquilhos, bicicletas. Posso apenas concluir que é sinal de que vamos estudar muito e, como tal, precisamos de escapes na mesma proporção.
Isto tudo, claro, para além de estar situado no meio de uma reserva natural, estilo Sherwood Forest, onde há veados e raposas (só para citar os animais de maior porte) e onde sinto que posso protagonizar a Maria do The Sound of Music ou, pelo menos, a Heidi.
Por fim, Natolin oferece-nos o Bar Rosso's. À vista desarmada, uma simples (e quase deprimente) discoteca de hotel (com piano e tudo!). Mas depois de baptizado e decorado com um mapa da Europa, ui! totalmente diferente!!! Vê-se que houve ali uma revolução estudantil!! E protagonizada pelos portugas, claro está!, não fosse o nome homenagear o manda-chuva da Comissão - apesar dos dois "s", que supostamente evocam a maior sexshop de Amesterdão (!!??). Como é bom de ver, a proposta do nome não foi nacional, pois nesse caso teríamos o Bar Cherne's.
"Sigamos o cherne minha amiga!"

Tuesday, September 11, 2007

Mas o que é que eu andei a fazer com o meu tempo??

Lembro-me que uma das capas da Visão do mês de Agosto passado era sobre as jovens mentes brilhantes do nosso país. Se não me engano, havia uma menina de 24 anos que já tinha escrito 4 livros, traduzido umas quantas obras do Umberto Eco e ganho um prémio de literatura - para além de ter tirado o curso de Direito (claro!) e estar neste momento a fazer um masters nos Estados Unidos. Na altura comentei com a Alexandra: "Bolas! mas o que é que eu andei a fazer com o meu tempo???" Uma pessoa sente-se verdadeiramente inútil assim! Mas, pronto, nem todos podemos ser génios.
O problema é quando, de repente, posso assistir de perto e tenho de conviver diariamente com essa "genialidade". Não estranho o facto de toda a gente aqui saber falar pelo menos três ou quatro línguas - para isso não é preciso ser génio, basta gostar de aprender línguas diferentes e dedicar-lhes algum tempo (muitas vezes em prejuízo do ginásio...). Que tenham já vivido em vários países, também é compreensível - sempre estamos na era da globalização. Vá lá, que tenham já, quase todos, um masters também se pode entender, se pensarmos que só Portugal é que ainda não aplica Bolonha como deve ser.
AGORA, que saibam, para além de tudo isto, tocar instrumentos musicais, já começa a ser esquisito! Que queiram, para além de tudo isto, criar um grupo de trabalho para discutir os temas da actualidade da Bielorrúsia, é esquisito e é demais! Que esgotem, ainda, para além de tudo isto, todos os exemplares existentes na biblioteca do livro do curso de História da Construção da Europa, cujas aulas só começam daqui a três semanas, não só é esquisito e demais, como... demonstra que, de facto, eles não são génios coisa nenhuma!
E com este raciocínio já me sinto mais aliviada...

Monday, September 10, 2007

As malas

Esta coisa das viagens e dos aeroportos, da mudança associada ao desconhecido, pode ser muito romântica, mas quando alguém se esquece de passar uma malita (neste caso, 36 Kg de malas) de um avião para o outro, a visão romântica depressa se transforma num pesadelo.
Bem, para dizer a verdade, o pesadelo já tinha começado alguns dias antes, com o stress das 30001 coisas para fazer antes do dia D, entre as quais aquelas coisas normais que qualquer bom português deixa para a última hora (o passaporte que caducou há um mês!!) e outras menos normais que só acontecem aos mais "distraídos" (prender a corrente/cadeado ao portátil e, acidentalmente, alterar o código!). Mas graças ao trabalho urgente dos funcionários do Governo Civil de Lisboa e ao Hélder da Worten tudo se resolveu em dois dias! As malas, essas, é que demoraram mais tempo.
Foi perturbador. Ao mesmo tempo que me angustiava não ter as minhas coisas, confortava-me o facto de saber que se todas as minhas roupas, sapatos, produtos de higiene e tudo o mais que era meu estava perdido algures na Europa, então aí é que eu seria verdadeiramente uma cidadã do mundo (ou da Europa, pelo menos!). Foi mais ou menos o que senti quando perdi o meu guarda-chuva gay em Bologna, ao menos alguma coisa minha ficava lá para a posteridade; ou quando uma onda no Guincho me levou a toalha - eu nunca fui aos Estados Unidos, mas a minha toalha muito provavelmente sim!
Uma coisa é certa: agora sou uma expert a lavar meias e cuecas e (duas coisas são certas) toda a gente sabia que eu era aquela-que-ainda-não-tinha-as-malas-coitada! E, como dizia o outro, não interessa o que dizem de nós, desde que falem de nós... hum... Ainda assim, quando começava a falar das malas algumas pessoas mais distraídas finalmente percebiam: "ah! és tu aquela que ainda não tem as malas!". "Sim, desculpa, mas será que não reparaste que há 5 dias que ando com a mesma roupa??? Achas que é um costume português, é?? É que se tens uma memória assim tão fraca como é que achas que vais conseguir aprender polaco?" Mas essa é outra história.

Sunday, September 9, 2007