Wednesday, January 23, 2008

Konduktor e Ampelmann


A viagem de comboio até Berlim foi como levar um balde de água fria: "Acorda para a vida! Qual UE, qual carapuça... isto é o leste!"

00:50, Warszawa Centralna:
A simpatia da senhora da bilheteira não surpreendeu - tendo em conta que já deu para perceber que os locais não são lá muito adeptos do conceito de prestação de serviços... Às nossas perguntas em inglês, respondia em polaco. Ok, acho que deu para perceber: o comboio vem de Moscovo e o bilhete compra-se lá dentro ao konduktor. Já dentro do dito, foi necessário uma voluntária traduzir para percebermos que só poderíamos comprar metade do bilhete até Poznan, onde o comboio se dividiria; mudaríamos então de carruagem, passando para a parte russa, e, aí, compraríamos o resto do bilhete.

04:00, Poznan Centralna:
Em corrida veloz para a carruagem n.º 1, esbarrámos com uma figura gigantesca, fardada ao estilo militar, um semblante carregado que, naquele cenário, arrepiava a espinha. O general russo saído da II Guerra Mundial era, afinal, o konduktor. Às nossas palavras "nie reservacia", esboçou um sorriso irónico e juro que o dente de ouro brilhou! "Fünfzig Euro!" Quê, 50 euros por um bilhete que custa 20??? Só para tirar as suspeitas: "Ok, pagamos em zloty". "Nien! Euro!". Mau, mas, que eu saiba, estamos na Polónia... "This is not legal!!", repetia a Irina. "We're in the European Union!!!", gritei eu (pobre inocente, de tanto estar aqui enfiada, estou a perder a lucidez, só pode!). "OK, let's pay...", murmurava a Rola, a medo. O Bruno tentava resolver a questão de forma diplomática na bilheteira. Mas entrar naquele comboio era quase tão difícil como atraversar o muro de Berlim e por isso não demorou muito para ver a Irina (1,50m de puro sangue italiano!) agarrada à porta, a tentar subir os degraus; e eu (mais discreta), numa sinfonia ritmada de abrir e fechar de portas com o konduktor. O polícia que entretanto chamámos é que não achou lá muita piada, mas, pelo menos, lutámos até à última! Por fim, o comboio partiu. O konduktor ficou à porta, de braços abertos e sorriso nos lábios. Enquanto a carruagem se afastava, tive a impressão de que se transformava num ampelmann vermelho...

E o que aconteceu, então, aos quatro ampelmann verdes? Pois, tiveram o privilégio de visitar Poznan by night e, mais tarde ou mais cedo, chegaram ao seu destino!...

1 comment:

Rita said...

Fico contente por saber que continuas cheia de aventuras!!
Mas e afinal, quanto pagaram pelo bilhete? E em Euros ou em moeda polaca? LOL!!!

Beijinhos,
Rita V